quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

sans fin.



Dentro da minha pele, eu sinto além dos arrepios. Esta é a via de encontro. Não de encruzilhadas, mas de ponto de parada. É nesse ponto que sinto a convergência de coisas. Os sentimentos se entrosam, o álcool não dissolve mais nada e ainda sinto em cada centímetro de mim, a presença. Até o fim deste momento, sem saber qual é, parece tudo tão estranho, borrado, com falsas e instantâneas alegrias. E lágrimas que vem do nada. É uma magia que não sei explicar. Mas sinto dentro da minha cabeça. Frases que vem aos barrancos, em mim, tentando formar outdoors para me dizer algo que pareço já saber. É neste ponto que lá percebo que este pitstop serviu para olhar o céu negro e sem referências das estrelas. Estou só. E não há fumaça alguma que eu trague que dissolva esse sentimento. Esse incômodo, essa inquietude, pior que uma coceira de pele. Está dentro da minha pele. Está dentro de mim. Estou encarcerando minhas ideias, estou encarcerando meu eu em uma gaiola sem grades, mas sinto que estou escapando e esvaindo de mim mesmo, e sinto estar derretendo em barras paralelas, sem olhar para o sol. Ou derretendo a cera das asas, tão fracamente coladas, ao tentar chegar perto de uma estrela. Eu sinto vazio. E só. Um vácuo de ideias e de mim mesmo. Estou a olhar e contemplar a depressão e curvas das serras abaixo, e sentir o mesmo frio em minha pele. Ainda está aqui. E álcool nenhum dissolve. Ou palavras conseguem capturar o que penso. A queda é sem fim. Sem fim. Aos barrancos aos poucos eu vou sentindo, como tinta recém colocada em uma parede. Não mexa, não toque. Ainda estou tentando afixar essa nova cor. Esse novo tom. A gaiola foi recém pintada, tenha cuidado. Ainda estou encarcerando o que está entranhando e não sai de mim, por mais que eu comece a me coçar. Tal gelo, começo a me desfazer e sinto que estas grades não irão dar conta. E parece... Não ter fim. Estava tão perto da estrela! Mas o álcool não irá dissolver isso. Ainda está aqui comigo, na epiderme. Tão fracamente colocada, mas que dói da mesma forma. Estou escapando e sedimentando tudo. Parece não ter fim. Mas qual dimensão terei, ao estar no vácuo? Não há nada em que me agarrar. Estou rodopiando rápido ou lento? Não existe tempo nesta gaiola. Sinto frio ou calor? Nada sei. Não há pelo o que rezar ou pedir. Só a noção de que ainda sinto ao tocar a pele. Esta nova tinta. Esta nova concepção. Após ter quebrado o espelho. Não mexa. Não toque. Estou só, vazando pelas laterais. Sem fim, escorrendo. Um fluido vazando da ampola. Ainda sinto na minha pele.

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