segunda-feira, 23 de maio de 2011

La Vie en Noir et Blanc.

...sentado no mesmo lugar, observando a tudo estroboscopicamente. Cena por cena, revisada por mim mesmo. A autocrítica, o conselho, o fogo que estala e ascende, a ponta,deixa incandescente. Uma verdade indescente,que eu devo dizer a mim mesmo, devo estar louco, porque estou a falar com um banco? A contar minha história, vazia de fatos, repletas de intensidades. Fatos. Deixa inalar aquela fumaça, deixa! Como quem nada quer. Pra fazer uma pose engraçada,e esperar que alguém tire uma foto depois. Pra quem sabe, ao se olhar depois,eu consiga relembrar o que estava eu pensando na hora em que isto foi gravado. Engraçado, meus lapsos de memória estão aumentando. (shit.) Deixa eu respirar esse ar, já que meu ar de tão impuro, infestou a tudo. De tão impuro é esse ar que respiro,por que não querer individualizar um pouco do ar em mim? Queima logo a ponta,e joga a bituca fora. Esmaga com o pé pra se ter noção da sua força. A física, e a moral.Quero acordar. O sono derruba os corpos onde as almas desejam descansar, e não sabem como comunicar. Elas temem ser banhado em um noir líquido,aquele, você sabe muito bem. Um café, por favor. Pouco açúcar. Pouco açúcar pra nos acostumar a amargura deste mundo. Nada de adocicar as coisas, prefiro-as nuas e cruas, as verdades absolutas e as relativas também. (Respira,respira) Aaaaaah... Quem sabe eu acorde de uma vez. Parece às vezes que a lucidez não varia apenas sob efeito de álcool. Ela parece às vezes me fugir, do nada. Por cinco minutos. Aquele momento em que meus olhos olham, mas olha para nada. Fica aquele olhar vaco, desfocado e sem direção. Um momento único, sublime, em que nos atingimos sem nem perceber. Como se alguém te desligasse da tomada,querendo ver sua reação. Ler nas suas linhas as suas idéias, e nas entrelinhas, se deliciar ao mergulhar no teu interior. Mas do nada, te ligam na tomada de novo. Passado o susto... Você percebe que estava falando só. Só não: com você mesmo. Lá vem tudo de novo: você se dá de conta que está sentado no mesmo banco já faz algum tempo, observando a tudo, estroboscopicamente. Cada folha que cai, cada galho que se move. Cena por cena, revisada. A verdade,um fato, um movimento, um café pra despertar da modorra, um cigarro pra quebrar a rotina. Uma vida em que todos os padrões são feitos, em que tudo é refeito, cada pedaço, cada dia, no branco, no preto; do básico, ao avançado; do pensamento à ação, da fumaça à cafeína; do estímulo ao desejo, de tudo para nada. Estroboscopicamente.

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