quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Confissões de meia noite.

Ao fim do dia, quando percebo que é hora de dormir, que eu percebo. Que passei o dia sem sentir isso. E que agora, vem de uma vez, pesado como um soco no estômago. Algo está faltando. E não consigo explicar. Pensei em comida, em por a culpa nos vizinhos barulhentos ou até mesmo no ventilador. Mas é algo que está além dos meus domínios. É a falta de uma sensação. É um caminho tortuoso, que me faz dar voltas e mais voltas na cama. E a cada tentativa de arranjar uma boa posição para dormir, vem a constatação de que essa posição é pior do que todas as outras tentativas já feitas e que o sono não virá tão cedo assim. Porque falta algo nessa cama. E. Não são lençóis. Falta algo. Falta um olhar. Não peço palavras, uma música ou nada assim. O silêncio de um olhar. Aquele que quando as luzes estiverem apagadas, e meus olhos se acostumarem com a escuridão, será  a visão que eu eu terei na minha frente. Um olhar. E a certeza que virá seguido de algum abraço. Não sei se virá quando eu ainda estiver acordado. Ou se virá quando estiver cambaleando de sono. Não sei se sentirei isso. Mas só de imaginar, já consigo sorrir. E no meio dessa tormenta de lençóis, que tento encaixar um rosto nesse olhar. Encaixar esse olhar em alguém e tornar essa visão mais intensa na minha mente. Mas não vem ninguém. Eu sei o que me falta. E seria tão bom preencher esse vazio ao meu lado, nessa cama, com a personificação de um olhar, um toque, um alguém. Quantas vezes nos pegamos pensando nisso. Imaginando rostos que desejamos, pessoas que já passaram, pessoas que só desejamos e que nunca tivemos. Pessoas que temos, pessoas que nos tiveram. E a sensação no fim do dia, no silêncio escuro da cama, ao anoitecer, me faz pensar nisso.
Enquanto não vejo ninguém em minha mente, eu abraço o travesseiro. É a minha personagem ganhando vida. Continua sem rosto. Mas preenche ligeiramente o vazio na cama. Mas me deixa com uma dúvida. Seu olhar. É o que ainda me falta. E vou dormir, mais uma noite sem conhecer esse olhar. Até quando?

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