domingo, 25 de fevereiro de 2018

Lazy days


Se houvesse um checklist para hoje, ele permaneceria vazio. Hoje eu só quero ficar a tua, fazendo nada. Me esparramar e ouvir minha própria respiração. Relaxar. Já ouvi uma vez que a preguiça é quase que um crime. É um dos pecados capitais. Mas nada disso me impede. Estou livre para estar onde eu quero e não fazer nada. De observar lentamente como o tudo que nos rodeia tem um charme, que nós na correria da vida não conseguimis ver. É desde observar a aranha no canto da parede, até lembrar que você tinha que fazer tantas coisas. Mas a cama, a rede, a cadeira me laçou de tantas formas diferentes, que não consigo me levantar. Só mudar de posição. E me espalhar. Como manteiga se derretendo na frigideira. Lentamente. Só quero dizer... Aliás não quero dizer nada. Me esticar, me espalhar. Como água que escorre em uma escadaria. Vem, se acumula, cai e continua. Porque estou livre para não fazer nada. Só me sentir. Me perceber. Porque nessa pequena ilha cama, rede, cadeira, estou livre de problemas. Estou longe das dificuldades, estou livre das dores. Só sou um dente de leão. Me desfazendo. Me espalhando quando vem o vento. Me esparramar e ouvir minha própria respiração. Meu crime é não me levantar. Crime é não estar a toa. Escuta a brisa do vento. Sente esse clima. É o mundo sendo gentil e pedindo pra não sair. Pra deslizar, como a calda quente em cima de um sorvete. Quente, suave, percorre, e estaciona. Continuo preso fisicamente a esta cama, mas me sinto tão bem. Tão confortável. Porque estou livre para estar onde eu estou e não fazer nada. Só ficar a toa. Me perceber. Perceber o mundo. Cometer um crime. O crime de não me levantar e aproveitar cada minuto desse, espalhado. Lentamente. Porque estou livre para estar onde eu estou e não fazer nada.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Evolução.

Sabe quando você se pega, em um dis, em silêncio, e pára. Olha para trás, e relembra tudo o que você já passou. Um dia desses, passei na rua e alguém estava falando em evolução. O que é evoluir? É passar por aquele caminho mais uma vez,mas ter memorizado a dor das quedas. É passar seus dedos nas cicatrizes, e sentir a marca dos seus erros. De ao tocar nelas, relembrar seus erros, seu caminho até o alvo que você estipulou. É rever suas mancadas sendo feitas por outras pessoas, e você se vê admitindo: droga, quando eu fiz isso, fiz uma verdadeira merda. Uma mancada. É ir memorizando. Quer dizer, processando, tudo mais rápido. Ter reações mais rápidas e involuntárias. Rir das bobagens, respeitá-las. Foram partes integrantes de um eu que ainda está aqui, mas que a tantas coisas já passou. Estranho tudo isso. Darwin dizia que nós éramos totalmente diferentes do que somos hoje. O conceito de evolução ali, presta-se a um conceito ligado á mudanças relacionadas ao meio. O homem ia mudando à medida que novas necessidades iam surgindo. Visivelmente em ossadas, e outros achados antigos, o homem ia evoluindo, à medida que sua caixa craniana ia crescendo. Eles foram selecionados pelo meio em que viviam. Hoje vivemos sendo selecionados por tantos meios. Em casa, no trabalho, na sociedade... Mas e a nossa evolução? Tantos anos, séculos, eras se passaram, e o homem sempre soube se moldar a todas as situações, com uma criatividade incrível. Iremos evoluir também? Uma coisa é dizer que eu evolui, quanto à minha história. Quanto ao meu jeito de pensar, de olhar o mundo. Antigamente, o crânio ia crescendo; em mim, o que cresceu foi o coração. Que soube passar por coisas pelas quais ele já passou, e soube resistir. Soube qual era o caminho mais correto, na época correta, a se seguir. Cresceu o duelo entre a razão e a emoção. Ficamos mais velhos, mais seletivos, passamos por tantas r muitas vezes, não noa sentimos preparados para as novidades. O novo assusta. Confunde. E por vezes, nos pegamos olhando para trás. Onde nós avançamos, onde nós reteocedemos. Se é que avançamos, se é que reteocedemos. O que a seleção natural da vida, das escolhas, dos erros e dos acertos fez com a gente. Fez perceber o mundo, perceber quem somos e finalmente entender certas coisas. Que nem todos os sentimentos ou relações vingam: alguns mais parecem frutas podres, precisam ser cortados. Que evoluir é algo tão difícil. Que erramos, somos julgados, e tentamos consertar o erro e somos julgados mais. Que passamos tempo correndo atrás de algo e quando encontramos, talevez a gente perca o interesse. Que nossos gostos mudam, nossas palavras mudam, nossas ações mudam,nós mudamos e o mundo muda a gente. E que isso faz parte so ciclo. O homem não resume-se a nascers, crescer, reproduzir, morrer. Isso vai além. Para tudo, crescer. Crescer como homem,como gente. Evoluir.

A primeira vista

A primeira vista, talvez seja mais insistente. E pode ser (ou não) como aquele que abre janelas em um dia quente, na tentativa de sentir algum vento. Ou daqueles que buscam por uma lanterna ou até mesmo fogo, no escuro. Assim seria a primeira vista. E o que ela traria? Aquele elo que muitas vezes se firma, e que não consegue ser desfeito. Tal e qual um nó, que não se desenlaça, e faz com que fiquemos olhando diretamente um para o outro. E tentamos disfarçar ou justificar mentalmente, quais seriam os motivos que me fariam olhar de novo, sem arrependimento ou vergonha. Apenas olhar. Que por quantas vezes, fala mais do que as palavras.A boca se abre, tentando dizer nada, tentando dizer algo que se perdeu na gargabta, porque internamente a guerra entre o que se pensa e o que se sente é grande. E nas palavras não ditas, dão tempo para tentar ler algo nos outros olhos. A quantidade de coisas que um olhar transmite, a quantidade de sensações e de ideias, de mundos que ele nos faz ir. Uma hora em um breve instante, só na primeira vista. E me vejo agora sem saber o que fazer. Mas é uma sensação estranha e boa. Algo agridoce. Na tentativa de sentir algo, no escuro.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Confissões de meia noite.

Ao fim do dia, quando percebo que é hora de dormir, que eu percebo. Que passei o dia sem sentir isso. E que agora, vem de uma vez, pesado como um soco no estômago. Algo está faltando. E não consigo explicar. Pensei em comida, em por a culpa nos vizinhos barulhentos ou até mesmo no ventilador. Mas é algo que está além dos meus domínios. É a falta de uma sensação. É um caminho tortuoso, que me faz dar voltas e mais voltas na cama. E a cada tentativa de arranjar uma boa posição para dormir, vem a constatação de que essa posição é pior do que todas as outras tentativas já feitas e que o sono não virá tão cedo assim. Porque falta algo nessa cama. E. Não são lençóis. Falta algo. Falta um olhar. Não peço palavras, uma música ou nada assim. O silêncio de um olhar. Aquele que quando as luzes estiverem apagadas, e meus olhos se acostumarem com a escuridão, será  a visão que eu eu terei na minha frente. Um olhar. E a certeza que virá seguido de algum abraço. Não sei se virá quando eu ainda estiver acordado. Ou se virá quando estiver cambaleando de sono. Não sei se sentirei isso. Mas só de imaginar, já consigo sorrir. E no meio dessa tormenta de lençóis, que tento encaixar um rosto nesse olhar. Encaixar esse olhar em alguém e tornar essa visão mais intensa na minha mente. Mas não vem ninguém. Eu sei o que me falta. E seria tão bom preencher esse vazio ao meu lado, nessa cama, com a personificação de um olhar, um toque, um alguém. Quantas vezes nos pegamos pensando nisso. Imaginando rostos que desejamos, pessoas que já passaram, pessoas que só desejamos e que nunca tivemos. Pessoas que temos, pessoas que nos tiveram. E a sensação no fim do dia, no silêncio escuro da cama, ao anoitecer, me faz pensar nisso.
Enquanto não vejo ninguém em minha mente, eu abraço o travesseiro. É a minha personagem ganhando vida. Continua sem rosto. Mas preenche ligeiramente o vazio na cama. Mas me deixa com uma dúvida. Seu olhar. É o que ainda me falta. E vou dormir, mais uma noite sem conhecer esse olhar. Até quando?